Quem me conhece sabe que eu sempre fui um sonhador e, hoje mais do que nunca, guardador dos meus sonhos.
É impressionante como acontecimentos do cotidiano, influenciados ou não por forças alheias, podem mudar a linha de raciocínio do homem ou até mesmo a direção da sua história, levando-o a rodear os seus projetos iniciais sem chegar a lugar algum.
Transformações assim invertem situações de vida em uma velocidade extraordinária e podem fazer com que inúmeras decisões sejam tomadas precipitadamente, alterando o percurso da história idealizada, onde há atrasos em planos e projetos, sonhos e desejos, sem que algo ou alguém pague por isso senão o próprio errante - aquele que se permitiu, através do seu direito de escolha, escolher o errado.
Foi parando um pouco para pensar sobre a minha vida que este pensamento me sobreveio e percebi que vivi muitas situações que não precisavam ser vividas, que trouxeram feridas e me fizeram derramar muitas lágrimas, levaram um tempo que não volta mais e endureceram o meu coração tirando toda a inocência de menino, preservada pelos meus pais enquanto puderam me segurar entre os seus braços.
Ao gritar por liberdade e abrir as portas e janelas da vida, saí de uma caverna onde as sombras geradas pela claridade nas brechas e fendas me pareciam vivas e alegres, pois se moviam com gestos encantadores, mas não demorou muito para eu perceber que estes eram apenas reflexos de seres viventes, muitos deles cheios de ego e vontades próprias, os tais influenciadores alheios, soberbos que nada tinham a oferecer senão a sua necessidade destruidora de consumir desesperadamente o que estava guardando dentro de mim, plantado pelo dom do amor que há no coração de uma mãe e pelo cuidado excessivo e temeroso de um pai.
Aprendi, de provação em provação, entrando e saindo de terras estrangeiras, me fingindo de louco, mas livre dos devaneios que me cercavam, que persistir nos sonhos de quando menino, dentro da vontade de Deus, é o melhor a se fazer. Pois isso me trouxe paz e, de uma forma milagrosa, me fez voltar a sonhar como da primeira vez que acordei e descobri que também posso ser reverenciado pelo sol, lua e as estrelas, voar como águias que alcançam os mais altos montes da Terra e principalmente ser detentor do mais precioso dom, dado ao homem por herança para que ele se prepare para os dias que hão de vir – o dom do amor.
Se eu fosse dar uma sugestão aos que me procuram ainda pequenos, puros e na inocência, eu diria para que jamais deixassem se tocar pelo tais seres viventes senão pelo próprio Deus, mas logo em seguida pensaria comigo mesmo - cada um tem algo para passar, experiências para viver e só então entender o que é verdadeiramente amar e ser amado - que Deus os proteja e que a Sua vontade prevaleça.
Até +!